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Foto do escritorNestor Freire

DIA #19: PUERTO YOUNGAY/CAMPING SELVAGEM, CHILE, ETAPA 2019, EXTREMOS DO MUNDO

Atualizado: 21 de ago. de 2021



►O dia amanheceu muito frio, foi difícil levantar. Aprontei meu café ali mesmo numa mesa perto da barraca e comecei a desmontá-la. Aí, começou a esquentar e até juntar toda tralha e ver que não ficou nada para trás, demorei pelo menos uma hora. Subi à casa do Luis, conversamos um pouco, tomei um mate com ele e peguei Carretera. Seriam 59 km até Puerto Yungay e começou bem flat e rípio bom. Desenvolvia bem e foi assim pelo menos nos primeiros vinte quilômetros iniciais. Faltando vinte quilômetros ao final, surgiria o único desafio da etapa, uma montanha quatrocentos metros acima. Comecei a escalá-la bem lento, mantendo cadência e numa das curvas, quem vejo na minha frente? A Mag e a Greet, as holandesas de ontem. A partir daí, começamos a conversar e pedalar juntos para pegar a balsa que partiria às 18h para a confluência com o Rio Bravo. Chegamos a Puerto Yungay, que é uma pequena vila, não tem nada, apenas algumas casas. Ainda não tinha ideia onde iria acampar, estava em dúvidas, sabia que seria depois da balsa de Puerto Yungay. A Mag e a Greet resolveram que iriam acampar na saída da balsa. Não me interessava porque queria chegar a Villa O’Higgins no domingo, a exatos 92 km do Rio Bravo. Falei para elas que continuaria até por mais vinte quilômetros e posteriormente poderíamos nos encontrar em O’Higgins para fazer juntos a complicadíssima travessia para a Argentina. A balsa partiu e em 45 minutos chegamos ao Rio Bravo. A Greet queria ficar, estava exausta, precisava comer. Quando viu as condições do local, resolveram seguir viagem por mais vinte quilômetros comigo. Eu havia visto um camping selvagem pelo iOverlander, que bateu com uma informação que a Lyssandra, minha navegadora, beijos Lys, havia comentado-me pelo Garmin. Incrivelmente, o rípio estava em boas condições e desenvolvemos muito bem até alcançar o spot. Muito bacana, perto do rio e lugares para se montar as barracas. As duas, com muita experiência e equipamentos de primeira linha, já se armaram e fizeram seu jantar. Fui lá beliscar um pouco da sopa delas. Acho que levam comida para uma semana. Eu estou no osso, comida para um mísero dia. Enquanto eu vou buscar água no rio com quatro caraminholas na mão, elas me tiram de dentro do bolso da calça, uma sacola própria que se transporta cinco litros de água de uma vez, humilhante. Fora o restante dos equipamentos. A barraca, enorme, quando olhei para trás, parecia que tinha se armado sozinha. Filtro de água gravitacional, bike, tudo do melhor e mais moderno. Enfim, voltei para o meu humilde canto, tentei fazer uma fogueira que mais fez fumaça do que fogo, desisti. Preparei minha gororoba de sempre e voltei ao rio para escovar os dentes e terminar de lavar as coisas. Agora sem banho, só me resta uma boa noite de sono para encarar os noventa quilômetros finais da Carretera.


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